Japoneses fazem protesto contra usinas nucleares |
TÓQUIO (EFE e AE-DJ) - Cerca de duas mil pessoas protestaram, ontem, em Tóquio contra as usinas nucleares ao grito de “Não precisamos de Fukushima”, em referência à crise atômica gerada pelo terremoto e posterior tsunami de 11 de março no Japão. Os manifestantes se dividiram por diversas áreas da capital japonesa, entre elas a sede de Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da usina nuclear de Fukushima Daiichi, que tem sérios problemas em quatro de seus seis reatores e emite radiação. Conforme a rede de televisão NHK, os manifestantes foram convocados por oito associações antinucleares para pedir o fechamento de todas as centrais que utilizam combustível atômico do Japão. Como indicaram os participantes à Agência Efe, em Koenji, ao Norte da capital, ao menos mil pessoas se reuniram para protestar com o mesmo objetivo em um ambiente festivo, embora acompanhados de um cordão policial. Os manifestantes gritaram palavras de ordem para exigir o fechamento da central de Fukushima e a favor das energias alternativas. Os representantes das associações presentes pediram o fechamento da planta de Hamaoka, na província de Shizuoka, já que consideram que corre um alto risco de sofrer um dano similar ao de Fukushima Daiichi se for atingida por um tsunami. O terremoto de 9 graus de 11 de março, que hoje completa um mês, destruiu com a força de um tsunami que se seguiu os geradores de energia que refrigeravam os reatores de Fukushima, o que provocou várias explosões e a emissão de radioatividade. RADIAÇÃO Ontem, a Tepco informou que um trabalhador terceirizado envolvido no trabalho na usina foi levado ao hospital por sentir-se mal. O homem instalava uma mangueira no reator número 2. Os trabalhos para retirar a água radioativa da usina de Fukushima Daiichi sofreu atrasos durante o final de semana. A Tepco havia planejado finalizar no último sábado o descarregamento no oceano Pacífico da água com baixo nível de radioatividade que inundou a área de processamento de lixo da usina. Mas ontem à noite (no horário local) a operação ainda não havia sido finalizada. O término desse processo deverá permitir que os trabalhadores utilizem o espaço para armazenar água altamente radioativa que está se acumulando no porão do prédio do reator número 2. Esse é um importante obstáculo para restaurar os sistemas de refrigeração. Em mais um sinal de danos ao meio ambiente provocado pela liberação anterior de material contaminado, o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar japonês disse no sábado que o peixe pescado na costa de Fukushima continha níveis acima do permitido de material radioativo |
Risco de contaminação desacelera |
MINAMI SOMA (AE) - O progresso recente parece ter diminuído o ritmo da contaminação. Os níveis de radiação na água do mar diminuíram consideravelmente depois da contenção de um vazamento que levava a água da usina direto para o Oceano Pacífico. Mas a água contaminada continua a se acumular dentro da usina. Ao mesmo tempo, técnicos encontram-se no meio de uma operação para bombear nitrogênio em câmaras de contenção em torno de três dos seis reatores do complexo com o objetivo de impedir a ocorrência de explosões de hidrogênio na usina. Mesmo assim, tem havido pressão de muitos moradores da região para que possam regressar a suas casas com tempo suficiente para pegar pertences pessoais. O secretário-chefe do gabinete de governo do Japão, Yukio Edano, afirma que o governo estuda meios de permitir que as pessoas entrem rapidamente e saiam a seguir, mas elas teriam de ser escoltadas e usar trajes de proteção. “Entendemos que muitos moradores estejam ansiosos à espera de uma chance para voltar, mas não se trata de algo que aprovaremos só para marcar um mês do desastre”, disse Edano. “Se isso for acontecer, as pessoas não vão poder entrar (na zona de restrição) na hora que bem entenderem.” Isto acontece em um momento no qual o governo estuda também a possibilidade de expandir a zona de restrição em meio a preocupações com a exposição à radioatividade por um período prolongado. Em Iitate, a 40 quilômetros do complexo nuclear de Fukushima, o governo local recomendou a gestantes e famílias com crianças de até três anos que se hospedem em hotéis mais distantes da usina. No mês passado, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) constatou nível elevado de contaminação radioativa no solo de Iitate. Na opinião de Sato, o morador de Odaka que continuou morando na zona de restrição, a preocupação com a condição de vida nos abrigos é maior que o medo da exposição à radioatividade. “É frio nos abrigos e eu não quero dormir no piso de um ginásio”, disse. “Eu não quero sair”, enfatiza Sato antes de admitir: “Mas estou aqui sozinho. É estranho morar numa cidade vazia”. |
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